Tá aí o corpo esgualepado de bombachinha nova, recauchutadinha, pronto pra outra Cada dia que passa, parceiro, meu corpo véio me dá uma sintoma Resquícios de uma vida bruta de tropeada, de esquila e de doma O corcóvo de baguá criado e o monotaço de égua redomona E o cansaço que, hoje, me governa, o reumatismo me entrevando as perna' É o passado que está vindo a tona De tanto, então, me senti male', com a doutora, me fui consultar Que o' meus nervo' se foram pro saco, que se entrevam' e não quer' funcionar E a minha véia me enche de golpe, me dá câimbra quando eu vou lhe dar Sinhá doutora, resolva meu drama porque, até despôs' que eu me deito na cama É um sacrifício pra mim levantar A doutora me atou pelo braço, apertando uma bola, medindo a Pressão Fez respiração boca a boca, bateu chapa do meu coração Atracou um apareio na luz que ela apelidou de tal computação Vi minha carcaça toda esbodegada e ela me amostrando a' minhas peça' estragada' Retratando na televisão A doutora, então, foi me explicando: A tua vida tá muito atrasada Os teus bofe não existe' más, da cachaça, diluiu a buchada Teus pulmão' tá igual foles de gaita, tua bexiga, toda esgualepada A doutora então garou se a rir, disse: Teu tareco de fazer xixi Tá sem serventia e não presta pra nada! Mas que judiaria, doutora, isso era uma pelanza Teu colesterol tá em quinhentos, a' tuas veia' tão tudo' trancada' A coluna te afrouxou os quarto', a tua espinha tá desconotada Inventei uma começão de boia: Bucho cozido e tripa sapecada Despôs', por riba', pra se dá a besteira Pra sentar as lombriga', me atraquei numa coalheira Com leite, mogango e batata assada Que é pra mim comer só comida leve que o colesterol já está muito avançado Me arreceitou' só comer carne branca, então, tenho comido só toicinho assado Me fez urinar em frente dela, meio contrariado, tive que mijar Despôs', exigiu que eu sacasse a minha roupa E a minha véia' ciumenta ficou quase louca Avançou na doutora, pegou a destratar Deixa, véia', que a doutora me pegue onde ela quiser Que eu quero voltar pra casa bão' pra fazer tudo o que puder A doutora, apertando os pertence', disse: A tua doença, já sei o que é O colesterol já está muito avançado, então, pra te cuidar, arrume duas muié'! E a minha véia' c'o essa confusão, a pobrezinha ficou apavorada Na boca da noite, garrou a se pintar, diz ela que vai pra capela rezar Só volta pra casa por a madrugada Sinhá doutora, assim, não vai dar, tô más encrencado e não sei o que faço Meu coração, forte igual um cuiúdo, o miserável já tá num cansaço A doutora já me desenganou e já que eu tô virado num bagaço Me agarrei nela e um pedido fiz: A última cosa' te pede um infeliz Então, me permita que eu morra em teus braço'! Me proibiu de vê muié pelada me agita demais e a doença recai Então, quando enxergo, me alembra' a doutora Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai